"Hoje, mais do que em qualquer outra altura da história, a humanidade depara-se com uma encruzilhada. Um dos caminhos conduz ao sofrimento e ao desespero. O outro, à extinção total. Rezemos pela sabedoria para escolher correctamente o caminho a seguir." Woody Allen

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10.6.03
 
Não gosto de pessoas que usam a palavra "blogosfera." Não sei bem o que é, para além de ser um neologismo imbecil (um imbecilismo), mas não me inspira confiança. Para todos os efeitos, isto não é um blog. É apenas uma funcionalidade extra de um site que se aproveita do engenho dos senhores do Blogger para fazer actualizações frequentes e pouco trabalhosas e abrangendo temas que vão para além da sátira noticiosa. Esclarecido este ponto, resta dizer que não tenho nada contra os blogs assumidos. Alguns até são bastante agradáveis. Já me agrada menos um fenómeno cada vez mais recorrente que passo a explicar. Os blogs surgiram para permitir a cidadãos anónimos partilharem opiniões pessoais com o resto do mundo de um modo que não seria possível através de qualquer outro meio. Democracia absoluta. Quisesse alguém comentar a actualidade política ou falar sobre o seu dia-a-dia com frases como "Hoje, comi torradas ao pequeno-almoço em vez dos cereais do costume. Não gosto de rotinas", seria perfeitamente livre para o fazer. A avaliação do conteúdo caberia aos "cibernautas" (outro imbecilismo). Mas em Portugal as coisas não podiam funcionar da mesma forma. Porquê? Porque somos especiais ("especiais" aqui tem o mesmo sentido que na expressão "os jogos paralímpicos são feitos para atletas especiais"). Cada vez mais, na maldita "blogoparvoíce" nacional, os cidadãos anónimos opinantes vêem um espaço que deveria ser seu usurpado por "celebridades" que querem aproveitar mais uma possibilidade de protagonismo. Não que não tenham esse direito. Uma das vantagens da internet é a possibilidade de cada um fazer o que bem entenda desde que saiba como fazê-lo (e com isto dos blogs nem isso é preciso saber), mas preocupa-me ver como, de uma maneira que parece aceite por todos como algo inevitável, se começam a formar hierarquias, se começa a dar protagonismo aos blogs de personalidades da política, do jornalismo, da televisão, da escrita e a colocá-los num patamar acima dos blogs dos comuns mortais. É que muitas vezes, o único mérito que têm é mesmo a identidade do autor que pode ser mais ou menos assumida. Criam-se blogs para partilhar opiniões que não teriam outro meio de serem expressas. Então por que raio é que, por exemplo, alguém que assina uma coluna semanal num jornal de grande tiragem quererá fazê-lo? Isto faz sentido? Mais uma vez, nada me move contra os diários virtuais do senhor eurodeputado ou de outra pessoa qualquer, até porque ninguém me obriga a lê-los, mas porquê prestar-lhes vassalagem? Aqui não têm mais direitos do que um Zé Ninguém qualquer. Essas coisas acontecem lá fora.