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"Hoje, mais do que em qualquer outra altura da história, a humanidade depara-se com uma encruzilhada. Um dos caminhos conduz ao sofrimento e ao desespero. O outro, à extinção total. Rezemos pela sabedoria para escolher correctamente o caminho a seguir."
Woody Allen
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Antiquário
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11.7.03
Será acertado dizer que, se o Hulk fosse português, o país estaria inteiramente reduzido a escombros? Proponho um exercício imaginativo para mostrar do que falo. Imaginem que, em vez do americano Bruce Banner, o homem fadado a transformar-se num gigante verde com mau feitio de cada vez que se irrita fosse o português Antero Teixeira. Imaginemos o senhor Teixeira, taxista de profissão, à espera durante quatro horas num centro de saúde em Almada para marcar uma consulta de ginecologia para a mulher que descobriu um furúnculo esquisito num sítio pouco conveniente que lhe provoca grande incómodo. Quando finalmente chega a sua vez, é-lhe dito que poderá trazer a esposa à consulta com o senhor doutor dali a sete meses e isto por boa vontade da funcionária que também já teve um problema semelhante e sabe o que custa. Imaginem agora o senhor Teixeira a arfar... a contorcer-se... a suar... até que... Pronto. Já estão a ver o que acontece. Almada arrasada. Centenas de mortos. Milhares de desalojados. Uma cidade e os seus arredores completamente destruídos. O Almada Forum fechado poucos meses após ter sido inaugurado com pompa e circunstância. Que tragédia! Outro exemplo. Imaginem o nosso amigo Antero Teixeira a jantar em frente à televisão, a ver o Telejornal para ficar a par do que acontece no país e no mundo quando lhe aparece à frente a ministra das Finanças a tentar explicar com muito pouco sucesso por que é que os pagamentos especiais por conta NÃO são só uma maneira arbitrária de um governo inepto arrecadar mais uns trocos à custa de quem trabalha. Imaginem-no a espumar da boca quando a ministra diz que, para não fazer os tais pagamentos especiais por conta, basta-lhe perder horas de trabalho na repartição de finanças mais próxima (e a repartição de finanças do sr. Teixeira é gerida de acordo com um modelo organizativo da autoria do senhor que faz os livros da série "Onde Está o Wally?") e tratar da papelada que o transformará num empresário em nome individual. Resultado: o Laranjeiro (local de residência de Antero Teixeira) desaparece da face do planeta. Mais um exemplo (o último, prometo): Imaginemos que, cansado após um ano de trabalho árduo, o senhor Teixeira tira quinze dias de férias (porque o dinheiro não chega para mais) e decide ir até à Costa da Caparica. Mete-se no carro e aí vai ele... pelo menos durante cinco minutos de viagem, o tempo que levou a chegar até ao engarrafamento monumental provocado por uma mota que se estampou contra uma carrinha carregada de tomates mais à frente, provocando o despiste desta, e pelos condutores que abrandam para se deliciarem com o sangue espalhado pela via e que só seguem caminho quando percebem que, afinal, o "sangue" é apenas sumo de tomate. Vejam o senhor Teixeira com os músculos a palpitar, a ficar verde de raiva (literalmente), a explodir, rebentando com a sua viatura particular que ainda nem sequer estava paga e aproveitando o embalo para destruir todos os carros que vê pela frente dali até à Costa da Caparica. Tremendo, não é? Devíamos estar gratos por haver coisas que nunca passarão da ficção. |