![]() |
|
"Hoje, mais do que em qualquer outra altura da história, a humanidade depara-se com uma encruzilhada. Um dos caminhos conduz ao sofrimento e ao desespero. O outro, à extinção total. Rezemos pela sabedoria para escolher correctamente o caminho a seguir."
Woody Allen
A data dos posts é a data da sua transferência para aqui e não a data em que foram incluídos na página principal.
Antiquário
![]() |
19.7.03
A SIC anda a passar um anúncio em que pede pessoas para participar num casting para uma adaptação teatral do Sítio do Pica-Pau Amarelo (Ou televisiva? Não percebi muito bem...) De qualquer forma, a questão é: quem é que acham que enganam? Para quê um casting? Para descobrir novos talentos? Disparate. Toda a gente sabe que em Portugal não é assim que as coisas funcionam. Os novos talentos descobertos são aqueles com quem as pessoas que mandam já dormiram ou gostariam de dormir. Por isso, deixemo-nos de tretas e vamos lá a escolher para os papéis principais do Sítio, as pessoas do costume. A saber: Para o papel de Dona Benta: Eunice Muñoz depois de engordar uns quilos. Para o papel de Narizinho: Jovem aspirante a actriz do estilo Vera Kolodzig com muito pouco jeito e que saiba fazer carinhas tristes. Convém escolher alguém que não esteja a muitos anos de distância da idade legal para passar "umas noites divertidas." Dezasseis ou dezassete é a idade ideal. Para o papel de Pedrinho: O afilhado de um dos mecenas que os pais obrigam a namorar com uma prima para fazer esquecer as suas tendências amorosas invulgares e que sempre sonhou ser famoso. Assim, sempre se evita o escândalo de ver o petiz a protagonizar um espectáculo transformista. Para o papel de Emília: Uma trintona com alguma experiência de telenovelas em série e com rodagem pelas camas de directores de programas, produtores, encenadores e realizadores que assim talvez deixe de pôr em risco as vidas familiares felizes de gente de bem. Para o papel de Tia Nastácia: Sejamos arrojados e politicamente incorrectos. Os pretos ficam mal na televisão. E, para além disso, como não há actores pretos conhecidos, nunca se sabe com o que podemos ou não contar. É melhor jogar pelo seguro e dar o papel à Maria João Abreu. Para o papel de Tio Barnabé: Joaquim Agostinho. Ver acima. Para o papel de Visconde: O actor mais parecido com o Júlio Isidro que conseguirem achar. Se não acharem nenhum, o Júlio Isidro serve. Para o papel de Saci: Uma criança com uma perna a menos vestida apenas com um barrete vermelho e que fuma cachimbo. E ainda por cima é preto! Quem é que inventou uma coisa destas? Isto é personagem que se apresente? Trata-se de um espectáculo que pretende divertir pessoas de todas as idades. Não queremos deprimir ninguém com crianças amputadas com vícios e membros amputados. Será aconselhável eliminar a personagem do Saci e substituí-la por outra criada propositadamente para a ocasião. Por exemplo, "Zeferino, o glutão do Presto que conta anedotas porcas". Pensem no que há a ganhar com os patrocínios. Para escolher alguém que lhe dê vida não é preciso ir muito longe. Fernando Rocha. E, finalmente, para o papel de Cuca: Mais uma vez, haja arrojo. Por que não dar este papel a uma personalidade bem conhecida dos portugueses mas sem experiência na representação? No passado, outras experiências deste género foram muito bem sucedidas. Que tal Teresa Guilherme ou Júlia Pinheiro? Ou ainda Sofia Alves (que, por mais coisas que faça, parece sempre tão fresca como da primeira vez). A Cuca podia ter uma irmã gémea ceguinha. Brilhante. |