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"Hoje, mais do que em qualquer outra altura da história, a humanidade depara-se com uma encruzilhada. Um dos caminhos conduz ao sofrimento e ao desespero. O outro, à extinção total. Rezemos pela sabedoria para escolher correctamente o caminho a seguir."
Woody Allen
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Antiquário
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22.9.03
O senhor eurodeputado volta a dar que falar. Desta vez, foi durante o desempenho das suas novas funções de comentador televisivo (como os políticos "a sério"). Queixou-se mais uma vez o senhor eurodeputado dos perigos da internet que permite que se digam coisas mais ou menos ofensivas e mais ou menos verídicas a respeito de figuras públicas mais ou menos respeitáveis, tudo ao abrigo de um anonimato vil e cobarde. E que move o senhor eurodeputado nesta tão nobre cruzada contra a cobardia do anonimato? É precisamente a mesma coisa que move todos os outros apologistas da identificação autoral. Quando o autor de um texto está identificado, é possível pregar-lhe com um valente processo em cima por calúnia, difamação e afins, ou seja, precisamente o motivo que leva os "terroristas da internet" a adoptar o anonimato em primeiro lugar. Mas não terá razão o senhor eurodeputado? Afinal a difamação e a calúnia são crimes. A legislação que temos protege e bem (???) o direito de cada cidadão ao seu bom nome. Não é? Sê-lo-á, sem dúvida. Protege o direito de cada cidadão (com dinheiro para pagar a um bom advogado) ao seu bom nome mesmo que não seja assim tão bom como isso. É do lado "deles" que está a cobardia. Do "nosso", está apenas o bom-senso. Noutros tempos, diziam-se as coisas mais vis nos jornais, umas vezes de forma anónima, outras não. Mas não havia uma necessidade tão premente de anonimato porque quem se sentisse ofendido, tinha todo o direito de responder nos mesmos termos. Hoje em dia, não se pode dizer que o senhor eurodeputado é um cabeça de solha barbuda guloso de protagonismo a qualquer custo sem que nos ameacem com uma viagem ao tribunal mais próximo e consequente pagamento de indemnizações pesadas (sim, porque o dinheiro/razão está sempre do lado deles e não do nosso com os nossos advogados estagiários nomeados pelo Ministério Público). Até podia ser que deixássemos de ser um povo tão confrangedoramente estúpido se houvesse mais gente a puxar pela cabeça para dizer "umas verdades merecidas" a quem nos atira com outras verdades à cara. E responda se quiser, senhor eurodeputado. Desta vez, a referência ao "anonimato criminoso" vinha a propósito de um blog que para aí anda onde se expõem teorias mirabolantes acerca dessa autêntica epopeia que é o "processo Casa Pia." Conseguiu o senhor eurodeputado que o autor do blog apagasse todas as entradas e deve ter ficado satisfeito com o resultado das suas palavras sábias. Tivesse eu a certeza de que conseguiria o mesmo efeito, que o senhor eurodeputado se calasse de uma vez por todas e deixasse de dizer asneiras, por falar em sua excelência e nem um minuto me calaria. Infelizmente, é escusado. |