"Hoje, mais do que em qualquer outra altura da história, a humanidade depara-se com uma encruzilhada. Um dos caminhos conduz ao sofrimento e ao desespero. O outro, à extinção total. Rezemos pela sabedoria para escolher correctamente o caminho a seguir." Woody Allen

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11.9.03
 
Senhoras e senhores, o texto mais hilariante que li nos últimos vinte anos. Publicado no Correio da Manhã (claro).

RTP - Documentário com cenas de sexo

AUGUSTO FIGUEIREDO: DEPOIS DE VER AQUILO FIQUEI EM ESTADO DE CHOQUE

“Estava sentado numa sala com um colega meu, que iria avaliar o documentário, quando, de repente, começam cenas de sexo chocantes. Era arte hardcore. Depois de ver aquilo fiquei em estado de choque”.

As imagens ficaram até hoje na memória de Augusto Figueiredo, um dos professores que, em 1999, viu uma das 1550 cassetes com um documentário sobre a revolução do 25 de Abril - que a Fenprof encomendou à RTP para as escolas portuguesas - onde apareciam, por lapso, cenas pornográficas no fim.

Augusto tinha 40 anos, leccionava na escola de Rio Maior, e aqui tinha reservado um anfiteatro, onde iriam passar sessões ininterruptas do documentário para professores, alunos e pais: “ Só imagino o que seria se as pessoas tivessem visto aquilo. Era o fim da minha carreira de 25 anos”, diz. O professor ainda se lembra das cenas: “As imagens eram de sexo entre adultos de extrema violência. Era dupla penetração vaginal. Dois homens e uma mulher, Faziam barulhos. Era uma vergonha”.

O professor pegou na cassete, com o documentário sobre os 25 anos do 25 de Abril e sete minutos de pornografia, rumou a Lisboa e dirigiu-se ao Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, da Fenprof, para contar o sucedido. “Mal vi aquilo vim logo para Lisboa e entreguei a cassete à Fenprof. Tentámos apurar responsabilidades. Até porque, segundo sei, eram três cassetes que tinham aquelas cenas. Aliás, eu exigi uma indemnização porque a minha carreira podia ter acabado naquele dia. A cassete ficou guardada num cofre da Fenprof, mas depois foi devolvida com o pedido de explicações à RTP, mas nunca mais nos disseram nada ”.

Paulo Sucena, dirigente da Fenprof também se recorda da falta de resposta da estação pública. “Primeiro fizemos uma queixa e respondeu-nos Alfredo Tropa, que era do arquivo da RTP e o realizador do documentário. Depois num segundo ofício pedíamos responsabilidades, mas nunca mais nos foi dito nada”, disse Sucena ao CM. Por isso, ontem num comunicado a Fenprof, considera “inadmíssivel que, passados 4 anos, a Direcção da RTP não tenha tomado quaisquer medidas no sentido do cabal esclarecimento da situação”.

A explicação chegou ontem no Telejornal da estação pública. Segundo a RTP apesar de o documentário ter sido realizado por Alfredo Tropa, director de arquivo da estação pública, as cassetes foram encomendadas, através de concurso, à empresa privada Videofone. Esta, por seu lado, refere que pediu duplicações a uma outra empresa, a Mistervideo, que também produzia vídeos pornográficos e que assumiu ter a responsabilidade do sucedido.

Alfredo Tropa, que esteve presente no Telejornal da RTP, garantiu que pediu um inquérito sobre a situação e o apuramento de responsabilidades. Quanto ao conteúdo das cassetes, o antigo responsável do arquivo da RTP disse não ter visto nada, mas confessou que, a pornografia que ali estava por engano, deviam ser cenas do canal 18 da TV Cabo.

"TIVE VERGONHA DE CONTAR"

“Eu até tive vergonha de contar em casa o que vi”. A confissão é de Augusto Figueiredo, o professor que viu o documentário pedido à RTP com cenas de sexo.

Augusto, hoje com 45 anos, conta que na época ficou preocupado e envergonhado até por ter “representação política no PCP”. “Fiquei doido. Até recebi tratamento porque pensava que estava maluco”.

CASSETE

As cenas de sexo que apareciam em três cassetes encomendadas pela Fenprof à RTP em 1999 , eram protagonizadas por dois homens fortes e uma mulher, todos adultos.

Uma das cassetes foi parar à escola de Rio Maior e tinha sete minutos de imagens pornográficas depois do documentário histórico sobre os 25 anos do 25 de Abril.

O documentário fazia parte de um Kit desenvolvido pela Fenprof, que incluía ainda um CD com jogos e documentação sobre a Revolução de Abril.

REDE PEDÓFILA NEGADA POR CHEFE DE OPERADORES

António Açafrão foi durante anos chefe dos operadores de câmara da RTP e garante que nunca teve conhecimento de qualquer acto pedófilo ou pornográfico na RTP. Hoje está reformado e é gerente de uma empresa de produção de vídeos e filmes, a Homo-comunicações Lda, onde trabalham também os seus dois filhos.

António Açafrão explicou ao CM que entre 1982 e 1986 foi chefe de operadores de câmara da RTP e de 1990 até há cinco anos, quando saiu da estação, chefe do departamento de operações e garantiu que nunca teve conhecimento de qualquer rede de pedofilia. “Nunca vi rigorosamente nada. É possível que nas empresas haja pessoas com tendências diversas, mas não posso afirmar nada. Apenas sei que lá existiam alguns ex-casapianos”.

Quanto a cassetes com pornografia, a resposta é a mesma: “surpresa total. Nunca vi nada. Só se isso se passava em outros departamentos da RTP”.

António Açafrão admite que era ele o responsável por indicar os operadores que iriam filmar as touradas no Campo Pequeno, onde alegadamente estavam câmaras que os alunos da Casa Pia acusam de os terem filmado em certos locais privados. Açafrão recusa qualquer envolvimento no caso. “Sim. Era eu que os nomeava para irem às touradas. Mas era um serviço como os outros. Não iam sempre os mesmos, mas quem calhava”.

António Açafrão recorda-se ainda de ter trabalhado na RTP com Carlos Cruz, nomeadamente de lhe ter fornecido operadores de câmara para os programas do apresentador, mas avisa que “não tem nada a ver com o assunto”.

O antigo chefe de operadores de câmara da RTP reformou-se há cinco anos, quando saiu da RTP e desde 1996 tem uma sociedade por quotas com dois filhos para a produção de filmes e vídeos, chamada Homo-comunicações e filmes.


E para acabar em beleza, a primeira página da edição do Correio da Manhã onde foi publicada esta pérola. E não é uma montagem.